28 de jun. de 2011

Drogas, o que fazer?

Pesquisas e ações em muitos países devem nos orientar para que consigamos romper com situações paralisantes e com soluções equivocadas
Um dos temas mais polêmicos da atualidade e cercado de muitos mitos e preconceitos é, sem dúvida, a questão do uso e abuso das drogas.
Controvérsias sempre presentes em qualquer fato que se levante: um dos mais recentes foi o óxi, apresentado como droga nova, mais maléfica e barata que o crack; ficamos sem saber como se chega a conclusões tão finais e definitivas.
Muitos personagens, cheios de boas intenções e sabedorias adquiridas, trazem soluções para problemas complexos derivados do uso de substâncias psicoativas, como prevenção nas escolas ou tratamento de moradores em situação de rua da cracolândia.
Ocorrem discussões sobre os modelos de tratamento involuntário ou sobre descriminalizações, sem que se aponte com precisão e isenção onde se obteve o resultado ou em que cultura e situação foi conseguida a evidência.
É certo que precisamos ampliar o debate, levar informações precisas e atualizadas aos chamados formadores de opinião, aos Parlamentos, aos chefes de Executivo e à população em geral para obtermos o que todos queremos: um mundo com menos violência, mais saúde e oportunidades; em que as drogas, lícitas ou ilícitas, sejam encaradas com menos emoção e com maior visão de realidade.
Pesquisas e ações em muitos países devem servir de orientação para que consigamos romper com essas situações paralisantes ou geradoras de soluções equivocadas.
As evidências científicas relatadas na literatura internacional apontam, de forma clara, para a implantação de políticas públicas amplas, consequentes e continuadas, que conseguirão minimizar o problema e ajudar muitos dependentes químicos a conseguir tratamento e recuperação, bem como instalar programas de prevenção.
No Estado e na cidade de São Paulo, há um conjunto de ações que principiam a mostrar caminhos concretos para uma implantação de políticas públicas sobre drogas.
Isso inclui a ampliação de ambulatórios especializados, leitos para tratamento de casos mais graves, empresas públicas com programas de prevenção e tratamento, medidas para reduzir o tabagismo, repressão ao tráfico, ações como o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) e o departamento de prevenção do Denarc e ações integradas no centro de São Paulo com os moradores em situação de rua.
Uma atitude que deve gerar resultados, a curto e médio prazo, é a implantação, na Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo, de uma Coordenadoria de Políticas Públicas sobre Drogas, órgão que nasce como ideia vinda do Conselho Estadual sobre Drogas.
Essa é uma proposta de instância executiva para articular ações e programas dispersos, propor novas atitudes, garantir informações por meio de estudos e pesquisas, buscar recursos para a execução de atividades, inclusive de formação de profissionais especializados das diversas áreas de atuação: psicologia, assistência social, sociologia, antropologia, medicina, enfermagem, educação e direito.
Vale lembrar que a questão das drogas é um problema de todos nós, e não somente de um setor da sociedade; além disso, a busca e a execução dos atos resolutivos será conseguida tratando o problema como multifacetado que ele é!
Vamos aplicar o já sabido, buscar novas alternativas de conduta, repetir modelos já testados e aprovados, mas sempre com abertura de diálogo sereno, respeitoso e que busque o consenso da sociedade.
LUIZ ALBERTO CHAVES DE OLIVEIRA é coordenador de Políticas sobre Drogas do Estado de São Paulo.
ELOISA DE SOUSA ARRUDA é secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo.
Fonte: Folha de São Paulo, de 26/06/2011.

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