Brasil lidera em crack e se consolida como rota para cocaína
Segundo relatório da ONU, droga que passa por aqui vai para a Europa; EUA já advertiram o País
O Brasil tornou-se campeão nas Américas em apreensão de crack, um indicador da elevada demanda doméstica por esse subproduto da cocaína, segundo edição de 2011 do Relatório Mundial sobre Drogas produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado ontem.
Em 2008 (não há dados de 2009) foram interceptados 374 quilos de crack no País - foram 163 quilos da droga apreendidos nos Estados Unidos em 2009. O documento de 2011 informa existir, em nível mundial, menor apreensão de crack do que de cocaína. Mas em países como o Brasil e os da América Central, os EUA e a Venezuela, os volumes interceptados de cocaína e de crack têm sido similares.
Divulgado em cerimônia conduzida pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, o relatório ainda rotulou o Brasil como o país de maior trânsito da cocaína produzida nos Andes e destinada à Europa. Apesar de enfatizar o fato de os EUA e a Europa continuarem a ser os principais mercados para a cocaína, o relatório registra o "significante" aumento das apreensões dessa droga no Brasil, de 8 toneladas, em 2004, para 24 toneladas, em 2009.
Parte desses carregamentos não estava direcionada ao mercado interno, mas à Europa. O total de apreensões relacionadas a esse trânsito aumentou de 25, em 2005, para 260, há dois anos.
Em 2009, a Organização Mundial das Aduanas ainda registrava o Brasil como um dos países distribuidores de cocaína, ao lado da Venezuela, do Equador e da Argentina. A entidade, entretanto, notou a maior participação do País na rota para a Europa e também o fato de ser a única fonte sul-americana de embarque da droga para a África.
A relevância do Brasil nessas rotas do narcotráfico chama a atenção também dos EUA. Nesta semana, o Departamento de Estado advertiu para a necessidade de o governo brasileiro mostrar-se mais ativo em negociações da América Central sobre combate ao tráfico de drogas e instigou o Brasil a aderir a um acordo entre os EUA e os países da África Ocidental sobre o tema.
Fonte: matéria de Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo, de 24 de junho de 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário