31 de mai. de 2012

10 anos CRATOD


Segue abaixo convite para comemoração dos 10 anos de CRATOD (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), com os nossos antecipados agradecimentos, ficaremos no aguardo de sua confirmação ao nosso convite, para ampliar clique na figura.
As confirmações devem ser por telefone (11) 3329-4467 ou por e-mail: cratod@saude.sp.gov.br.
Fonte: Marta Ana Jezierski Vaz, Diretoria Técnica de Saúde II, CRATOD.


1 de mai. de 2012

Meninas se embriagam mais

Uso pesado de bebida é mais frequente por garotas, segundo pesquisa com 1.507 alunos até 18 anos

Há cinco meses, a universi­tária Luiza (nome fictício) foi admitida como secretária num escritório de advocacia. No terceiro dia de trabalho, o patrão a convidou para sair e beber. "Para se conhecerem melhor", disse ele. Luiza aceitou e se embriagou.
"Antes de ir para casa, vol­tei ao escritório para 'melho­rar1 e deitei numa poltrona. Quando acordei, estava tran­sando com meu chefe", lem­bra. Na época, Luiza estava com 17 anos. Ele tinha 35.
No dia seguinte ao sexo sem camisinha, a garota buscou um teste de gravidez de farmácia. "Só então soube que nem adianta [testar] lo­go em seguida", conta.
A história ilustra o que uma recente pesquisa da Fa­culdade de Medicina de Bo-tucatu da Unesp (Universida­de Estadual Paulista) aponta: meninas de até 18 anos con­somem bebidas alcoólicas tanto quanto os meninos. Quando o assunto é embria­guez, elas os superam.
Para a psiquiatra Florence Kerr-Corrêa, que orientou o estudo da Unesp, a pesquisa aborda padrões culturais e de comportamento, mas também traz novidades so­bre aspectos relativos à saú­de de garotos e garotas.

Sexo e violência
A pesquisa entrevistou 1.507 estudantes das redes pública e privada, nos ensi­nos fundamental e médio. O uso de álcool foi declarado por 19% delas e por 18,7% deles. E 12,5% das garotas assumem o uso pesado de bebida, contra 9,1% deles.
Os índices são maiores do que os apontados pelo Cen­tro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, em levantamento feito a ca­da cinco anos em 27 capitais.
Em 2010, os índices de meninas que bebem eram de 42,5% e 47,1% nas redes pública e privada, respecti­vamente. Entre os meninos, eram de 39,7% e 47,9%.
Mas, diz Florence, en­quanto o garoto bêbado ten­de à violência, a menina se torna vulnerável ao sexo, com maior risco de gravidez indesejada e de doenças se­xualmente transmissíveis.
E as mais ricas bebem mais. "Elas recebem mesada e têm acesso a festas. Não bebem escondido, é um 'be­ber social'." (Simei Morais)

Começo da bebedeira a partir dos 14 anos
Luiza - 18 anos recém-completados - estava num bar da rua Augusta, na últi­ma terça, com quatro amigas da mesma idade. Todas dis­seram que começaram a be­ber por volta dos 14 anos. "Antes, eu bebia em festas. Hoje, qualquer dia é dia", disse uma delas.
Na mesma noite, outras quatro amigas entre 22 e 23 anos bebiam diante de uma faculdade, no centro de SP. "No final do ensino médio, bebíamos as sextas, após a aula", disse uma das jovens. Segundo o grupo, atualmente elas bebem juntas ao me­nos uma vez por semana.

Atitude é reflexo de conquistas
O comportamento das me­ninas no bar reflete as con­quistas das mulheres nos úl­timos anos, diz a professora Leda Tardivo, da faculdade de Psicologia da USP.
"O acesso [à bebida] tem a ver com a maior liberação que as mulheres estão vi­vendo. As próprias meninas têm mais iniciativas que an­tes eram consideradas mas­culinas", afirma.
Para o psiquiatra Thiago Fidalgo, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, en­tre quem procura tratamen­to, mulheres são minoria.
"A culpa imposta pela so­ciedade ainda é maior para a mulher", diz. Ele alerta me-' ninos e meninas: beber pre-cocemente afeta o desenvol­vimento do sistema nervoso, que se completa após os 20 anos.  

Organismo feminino sofre mais com álcool
O corpo da mulher é mais sensível que o do homem por ser mais vulnerável a permanência do álcool em forma de etanol, mais agressivo.
“Se uma mulher e um homem começarem a beber na mesma idade e ingerirem a mesma quantidade, ela desnvolverá doenças mais cedo. O tempo para desenvol­ver dependência [a quem tem predisposição], é a me­tade", diz a psiquiatra Cami­la Magalhães Silveira, do Ins­tituto de Psiquiatria do Hos­pital das Clínicas. Para ela, a mulher tem direito a beber, mas deve conhecer os limites do corpo.

Fonte: matéria de Simei Morais, publicada no Agora de 29/04/2012.