29 de set. de 2010

Falta ciência na discussão sobre a maconha

Folha de São Paulo - RAFAEL GUIMARÃES DOS SANTOS



Nem os argumentos a favor nem
os contrários à maconha parecem estar
 embasados, em certos aspectos, em provas
 realmente científicas



Realmente, causa espanto como cientistas podem assumir posturas sem, aparentemente, examinar profundamente a literatura científica sobre a maconha.
Neste espaço, trato de tentar amenizar as posturas dos distintos grupos de pesquisadores, oferecendo dados científicos.
Os artigos de Ronaldo Laranjeira e Ana C. P. Marques ("Maconha, o dom de iludir", 22/7, e "Lobby da maconha", 20/8), possuem imprecisões, já que, do ponto de vista cientifico, as evidências não são tão claras em relação a algumas das afirmações que os autores fazem sobre os potenciais efeitos adversos da maconha.
Em relação a problemas respiratórios, por exemplo, o estudo citado pelos autores simplesmente não apresenta nenhuma referência sobre "insuficiência respiratória". Logo, parece estranho que Laranjeira e Marques façam tal afirmação.
Já em relação à depressão, o estudo citado apresenta informações que indicam tal possibilidade, mas, ao mesmo tempo, sugere que tais dados são contraditórios e, logo, a discussão permanece aberta. Por isso, a causalidade, neste caso, ainda parece ser dúvida científica.

28 de set. de 2010

TRANQUILIZANTES

Existem medicamentos que têm a propriedade de atuar quase que exclusivamente sobre a ansiedade e tensão. Estas drogas foram chamadas de tranqüilizantes, por tranqüilizar a pessoa estressada, tensa e ansiosa. Atualmente, prefere-se designar estes tipos de medicamentos pelo nome de ansiolíticos, ou seja, que "destroem" (lise) a ansiedade. De fato, este é o principal efeito terapêutico destes medicamentos: diminuir ou abolir a ansiedade das pessoas, sem afetar em demasia as funções psíquicas e motoras.
Antigamente o principal agente ansiolítico era uma droga chamada meprobamato que praticamente desapareceu das farmácias com a descoberta de um importante grupo de substâncias: os benzodiazepínicos. De fato estes medicamentos estão entre os mais utilizados no mundo todo, inclusive no Brasil. Para se ter idéia atualmente há mais de 100 remédios no nosso país à base destes benzodiazepínicos. Estes têm nomes químicos que terminam geralmente pelo sufixo pam. Sendo assim é relativamente fácil a pessoa quando toma um remédio para acalmar-se saber o que realmente está tomando: tendo na fórmula uma palavra terminando em pam, é um benzodiazepínico. Exemplos: diazepam, bromazepam, clobazam, clorazepam, estazolam, flurazepam, flunitrazepam, lorazepam, nitrazepam, etc. A única exceç! ão é a substância chamada clordizepóxido que também é um benzodiazepínico. Por outro lado estas substâncias são comercializadas pelos laboratórios farmacêuticos com diferentes nomes de "fantasia", existindo assim dezenas de remédios com nomes diferentes: Noan®, Valium®, Aniolax®, Calmociteno®, Dienpax®, Psicosedin®, Frontal®, Frisium®, kiatrium®, Lexotan®, Lorax®, Urbanil®, Somalium® etc., são apenas alguns dos nomes.

27 de set. de 2010

ANTICOLINÉRGICOS

Em 1866, um médico da Bahia descreve o seguinte quadro em dois escravos: “Fui chamado a visitar estes doentes no dia seguinte às 8 horas da manhã. Já podiam caminhar, mas estavam ainda trôpegos e hallucinados, vendo objetos himaginários, phantasmas, ratos a passear pela camara, etc., de que procuravam fugir dirigindo-se para a porta. Ambos tinham as pupilas dilatadas... a boca e fauces nada oferecem de notável... Na panela que servia para vazer o cosimento estavam dous ramos com muitas folhas e algumas flores rudimentares, de uma planta que conheci ser trombeteira ( Datura arborea, Lin)”...
Em 1984 um jovem advogado de São Paulo narrou sua experiência. Após ingerir chá de saia-branca: “Os sintomas iniciam-se cerca de 10 minutos mais tarde com queixas de não enxergar direito, vendo tudo embaraçado e fora de foco”. As pupilas estão totalmente dilatadas. Seguem-se alucinações terrificantes, visão de animais e plantas ameaçadoras, cadáveres de índios, pessoas, etc. Alguma horas mais tarde relata que perdeu o pulso e engoliu a língua sendo levado para o pronto socorro”.

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24 de set. de 2010

EUA retiram Brasil pela 1ª vez de lista de produtores de droga

Porém, país é citado como fonte de "séria preocupação" devido às amplas fronteiras

O Brasil ficou de fora pela primeira vez da lista dos EUA de principais países produtores e de trânsito de drogas no mundo, cujo relatório para o ano fiscal de 2011 foi divulgado nesta semana.
Ainda assim, o país é citado como fonte de "séria preocupação" devido à extensão do território e das fronteiras.
O texto, uma certificação presidencial enviada ao Departamento de Estado, aponta o país como chave, ao lado da Venezuela, para o aumento do tráfico entre América Latina e África Ocidental e pede que ações antidrogas sejam prioridade na agenda de segurança nacional.
Ao mesmo tempo, Washington, que atua em programas de segurança e antidrogas com a Polícia Federal, "reconhece a emergência do Brasil como líder regional" contra as drogas.
No formato atual, a determinação dos principais países produtores e de trânsito de drogas tem 20 nomes e é regida por lei de 2002.
Na lista para 2011 estão: Afeganistão, Bahamas, Bolívia, Mianmar, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, Índia, Jamaica, Laos, México, Nicarágua, Paquistão, Panamá, Peru e Venezuela.

DESAFETOS

A Casa Branca indicou que seus desafetos políticos Bolívia e Venezuela, além de Mianmar, "falharam em demonstrar" cumprimento de suas obrigações.
Ainda assim, continuarão a dar apoio "para programas bilaterais na Bolívia e programas limitados na Venezuela" que "são vitais para os interesses nacionais dos EUA".
Sem uma indicação específica como essa, os países teriam suspensa assistência financeira que não fosse humanitária ou antidrogas.
No caso da Bolívia, o crescimento da área de cultivo de coca desacelerou. Houve aumento de 1% neste ano -contra média de 6% anuais desde 2006-, o que "pode demonstrar mudança de tendência para redução".
Já o Peru, aliado dos EUA, ultrapassou a Colômbia neste ano como maior produtor mundial de folha de coca, segundo a ONU. O país não recebeu porém comentário específico no memorando.
México e Colômbia, outros aliados, foram também alvo de elogios pela pressão aplicada contra traficantes. Para os EUA, esses esforços levaram a uma realocação do tráfico pela América Central, provocando a entrada para a lista de Costa Rica, Honduras e Nicarágua.
O Afeganistão, maior produtor mundial de ópio e palco de uma guerra liderada pelos EUA, teve "esforços reconhecidos", mas Washington pediu mais "vontade política" na luta antidrogas.

Fonte: Folha de São Paulo, 18/09/2010.

23 de set. de 2010

DEGRADAÇÃO

O crack – a droga mais perigosa da atualidade – invadiu a classe média. Uma pesquisa inédita mostra que as famílias não sabem onde obter ajuda. O que fazer para salvar os dependentes


A montagem sobre a foto de um modelo simula os efeitos de alguns anos de uso de drogas


Foram quatro anos sob os efeitos de maconha, cocaína, ácido lisérgico, ecstasy, crack e até chá de fita cassete – uma “droga” a que os dependentes recorrem para suportar crises de abstinência. A triste viagem de Renan começou na casa da família, num bairro de classe média em São Paulo, e o levou ATÉ a favela Paraisópolis, a segunda maior da capital paulista.
“Lá eu estava onde eu queria, com a galera, e me drogava direto”, diz. Seus pais, Alda e Eli, haviam tentado impor limites para afastá-lo da dependência. Primeiro, conversaram. Depois, proibiram o filho de usar o carro, cortaram a mesada, estabeleceram horário para que ele chegasse em casa. Eles não eram novatos no assunto. Antes de Renan, o caçula da família Larizzatti, outros dois filhos do casal haviam passado por problemas semelhantes. “Com três filhos usando drogas, vi que era o fundo do poço”, diz Alda. O casal decidiu internar o mais novo, então com 22 anos. Antes de ser levado para uma clínica de desintoxicação, Renan fez uma ameaça aos pais: “Quando sair, eu mato vocês”. Três anos e dois meses depois do último contato com as drogas, Renan ajuda a família na casa lotérica que os sustenta. “Hoje, se eu matar meus pais, só se for de amor”, afirma.
Histórias como a dos Larizzattis ocorrem em muitas famílias. Às vezes, porém, o desfecho é trágico. Em 2009, a consultora aposentada Flávia Costa Hahn, de 60 anos, moradora de um bairro nobre de Porto Alegre, matou seu único filho, Tobias Hahn, de 24 anos. O rapaz consumia crack desde os 18 anos. Em abril do ano passado, depois de passar três noites em claro fumando crack, Tobias voltou para casa para pedir dinheiro. Flávia conta que discutiu com o filho, foi agredida e, para tentar se defender, pegou um revólver da coleção de armas do marido. A arma disparou e atingiu Tobias no pescoço. Ele morreu na hora. Em outro caso dramático, o músico Bruno Kligierman, de 26 anos, um jovem de classe média alta morador da Zona Sul do Rio de Janeiro, sufocou até a morte a amiga Bárbara Calazans, de 16. Ele havia consumido crack a noite toda. Seu pai, o poeta Luiz Fernando Prôa, o entregou à polícia.
Para dependentes de drogas, raramente há uma saída fácil. Internar o filho drogado, como fizeram os pais de Renan, é um recurso extremo, que até pouco tempo atrás era definido como exagerado. Para os Larizzattis, a decisão provou ser correta. Não só porque ele venceu a dependência. “Os pais de hoje têm medo de agir, estabelecer regras ou proibir”, afirma Luiz Fernando Cauduro, vice-presidente da ONG Amor Exigente, que ajuda famílias nessa situação. “Esse medo tem de ser rompido. Ele leva a família a não tomar uma atitude – e isso pode tornar o caso crônico.”

22 de set. de 2010

143a. REUNIÃO ORDINÁRIA

O Conselho Municipal Sobre Drogas reuniu-se ontem (21/09) para discutir os seguintes itens:

I - APROVAÇÃO DA ATA 142a.: após discussão, item aprovado por unanimidade;II - VERIFICAÇÃO E ENCAMINHAMENTOS COM RELAÇÃO ÀS RESPOSTAS AOS OFÍCIOS ENVIADOS:a conselheira, Ana Carolina, fez a leitura dos informes; III -CICLO DE DEBATES NAS ESCOLAS (CONTINUIDADE DO I FÓRUM MUNICIPAL CONTRA O USO ABUSIVO DE ÁLCOOL E SUBSTÂNCIAS PSICOTIVAS): a conselheira Ma.Sidnéa solicitou o encaminhamento do Projeto à Secretaria da Educação para que os trabalhos possam ser iniciados; IV - ENCAMINHAMENTOS DA CAMPANHA DE PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS: é importante que os conselheiros plenejam ações voltadas à prevenção ao uso de drogas; V - BALANÇO DAS ATIVIDADES DO PLANO DE AÇÃO DO COMEM PARA O ANO DE 2010: a plenária concordou em discutir este item na próxima reunião; VI - VISITA A CLÍNICA DE REABILITAÇÃO DR AGUINELO CUNHA: foi informado que a mesma foi visitada por representantes da Vara da Infância e Juventude de Valinhos e Vinhedo, Vigilância Sanitária de Vinhedo e Conselho Tutelar de Valinhos, a conselheira Ana Carolina informou que nada que desabone a entidade foi constatado; VII - ASSUNTOS GERAIS: o conselheiro Vanderlei observou que estamos atrasados em relação ao cumprimento do cronograma do COMEN.

21 de set. de 2010

CALMANTES E SEDATIVOS

Sedativo é nome que se dá aos medicamentos capazes de diminuir a atividade de nosso cérebro, principalmente quando ele está num estado de excitação acima do normal. O termo sedativo é sinônimo de calmante ou sedante.

Quando um sedativo é capaz de diminuir a dor ele recebe o nome de analgésico. Já quando o sedativo é capaz de afastar a insônia, produzindo o sono, ele é chamado de hipnótico ou sonífero. E quando um calmante tem o poder de atuar mais sobre estados exagerados de ansiedade, ele é denominado de ansiolítico. Finalmente, existem algumas destas drogas que são capazes de acalmar o cérebro hiperexcitado dos epilépticos. São as drogas antiepilépticas, capazes de prevenir as convulsões destes doentes.

16 de set. de 2010

ÁLCOOL

Toda a história da humanidade está permeada pelo consumo de álcool. Registros arqueológicos revelam que os primeiros indícios sobre o consumo de álcool pelo ser humano datam de aproximadamente 6000 A.C., sendo portanto, um costume extremamente antigo e que tem persistido por milhares de anos. A noção de álcool como uma substância divina, por exemplo, pode ser encontrada em inúmeros exemplos na mitologia, sendo talvez um dos fatores responsáveis pela manutenção do hábito de beber ao longo do tempo.
Inicialmente, as bebidas tinham conteúdo alcoólico relativamente baixo, como por exemplo o vinho e a cerveja, já que dependiam exclusivamente do processo de fermentação. Com o advento do processo de destilação, introduzido na Europa pelos árabes na Idade Média, surgiram novos tipos de bebidas alcoólicas, que passaram a ser utilizadas na sua forma destilada. Nesta época, este tipo de bebida passou a ser considerado como um remédio para todas as doenças, pois “dissipavam as preocupações mais rapidamente do que o vinho e a cerveja, além de produzirem um alivio mais eficiente da dor”, surgindo então a palavra whisky (do gálico “usquebaugh”, que significa “água da vida”).

15 de set. de 2010

COCAÍNA

A cocaína é uma substância natural, extraída das folhas de uma planta que ocorre exclusivamente na América do Sul: a Erythroxylon coca, conhecida como coca ou epadú, este último nome dado pelos índios brasileiros. A cocaína pode chegar até o consumidor sob a forma de um sal, o cloridrato de cocaína, o "pó", "farinha", "neve" ou "branquinha" que é solúvel em água e, portanto, serve para ser aspirado ("cafungado") ou dissolvido em água para uso endovenoso ("pelos canos"); ou sob a forma de uma base, o crack que é pouco solúvel em água mas que se volatiliza quando aquecida e, portanto, é fumada em "cachimbos".
Também sob a forma base, a merla (mela, mel ou melado) preparada de forma diferente do crack, também é fumada. Enquanto o crack ganhou popularidade em São Paulo, Brasília foi a cidade vítima da merla. De fato, pesquisa recente mostra que mais de 50% dos usuários de drogas da nossa Capital Federal fazem uso de merla e apenas 2% de crack.
 

14 de set. de 2010

CONVOCAÇÃO

O Presidente do Conselho Municipal sobre Drogas – COMEN, CONVOCA, em primeira chamada com a presença da maioria absoluta de seus Membros, e quinze minutos após, em segunda chamada presente um terço, os conselheiros para a 143ª Reunião, Ordinária, que irá ocorrer no dia 21/09/2010 (3ª Feira), às 16h00, no Auditório da Casa dos Conselhos.

Pauta

I - Aprovação da ata da 142ª;

II - Verificação e encaminhamentos com relação às respostas aos ofícios enviados;

III - Ciclo de Debates nas Escolas (Continuidade do I Fórum Municipal Contra o Uso Abusivo do Álcool e Dependência de Substâncias Psicoativas);

IV - Encaminhamentos da Campanha de Prevenção ao Uso de Drogas

V - Balanço das Atividades do Plano de Ação do COMEN para o ano de 2010;

VI - Visita a Clinica de Reabilitação Dr. Aguinelo Cunha;

VII - Assuntos Gerais


Valinhos, 14 de setembro de 2010

Ilídio de Albuquerque Cabral

Presidente
Publicada na Casa dos Conselhos,
mediante afixação no local de costume,
em 14 de setembro de 2010.
Janaina Aparecida Guerreiro
Secretária Executiva

13 de set. de 2010

PERTURBADORES SINTÉTICOS

Perturbadores ou Alucinógenos sintéticos são substâncias fabricadas (sintetizadas) em laboratório, não sendo, portanto, de origem natural, e que são capazes de promover alucinações no ser humano. Vale a pena recordar um pouco o significado de alucinação: "é uma percepção sem objeto". Isto significa que, mesmo sem ter um estímulo (objeto) a pessoa pode sentir, ver, ouvir. Como exemplo, se uma pessoa ouve uma sirene tocando e há mesmo uma sirene perto, esta pessoa está normal; agora se ela ouve a sirene e não existe nenhuma tocando, então a pessoa está alucinando ou tendo uma alucinação auditiva. Da mesma maneira, sob a ação de uma droga alucinógena ela pode ver um animal na sala (por exemplo um elefante) sem que, logicamente, exista o elef! ante; ou seja, a pessoa está tendo uma alucinação visual.

9 de set. de 2010

ÓPIO E MORFINA

Muitas substâncias com grande atividade farmacológica podem ser extraídas de uma planta chamada Papaver somniferum, conhecida popularmente com o nome de papoula do oriente. Ao se fazer cortes na cápsula da papoula, quando ainda verde, obtém-se um suco leitoso, o ópio (a palavra ópio em grego quer dizer suco).
Quando seco este suco passa a se chamar pó de ópio. Nele existem várias substâncias com grande atividade. A mais conhecida é a morfina, palavra que vem do deus da mitologia grega Morfeu, o deus dos sonhos.
Pelo próprio segundo nome da planta somniferum, de sono, e do nome morfina, de sonho, já dá para fazer uma idéia da ação do ópio e da morfina no homem: são depressores do sistema nervoso central, isto é, fazem nosso cérebro funcionar mais devagar. Mas o ópio ainda contém mais substâncias sendo que a codeína é também bastante conhecida. Ainda, é possível obter-se outra substância, a heroína, ao se fazer pequena modificação química na fórmula da morfina. A heroína é então uma substância semi-sintética (ou semi-natural).
 

8 de set. de 2010

MACONHA

A maconha é o nome dado aqui no Brasil a uma planta chamada cientificamente de Cannabis sativa. Em outros países ela recebe diferentes nomes como os mencionados no título deste folheto. Ela já era conhecida há pelo menos 5.000 anos, sendo utilizada quer para fins medicinais quer para "produzir risos". Talvez a primeira menção da maconha na nossa língua tenha sido um escrito de 1.548 onde está dito no português daquela época: "e já ouvi a muitas mulheres que, quando hião ver algum homem, para estar choquareiras e graciosas a tomavão". Até o início do presente século, a maconha era considerada em vários países, inclusive no Brasil, como um medicamento útil para vários males. Mas também era já utilizada para fins não médi! cos por pessoas desejosas de sentir "coisas diferentes", ou mesmo utilizavam-na abusivamante. Consequência deste abuso, e de um certo exagero sobre os seus efeitos maléficos, a planta foi proibida em praticamente todo mundo ocidental, nos últimos 50-60 anos. Mas atualmente, graças as pesquisas recentes, a maconha (ou substâncias dela extraídas) é reconhecida como medicamento em pelo menos duas condições clínicas: reduz ou abole as náuseas e vômitos produzidos por medicamentos anticâncer e tem efeito benéfico em alguns casos de epilepsia (doença que se caracteriza por convulsões ou "ataques"). Entretanto, é bom lembrar que a maconha (ou as substâncias extraídas da planta) têm também efeitos indesejáveis que podem prejudicar uma pessoa.

2 de set. de 2010

O preço da saúde

Numa evidência de que as políticas antitabagistas vêm surtindo efeito, pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelou que, em duas décadas, a parcela de fumantes da população brasileira com mais de 18 anos reduziu-se quase pela metade. Se em 1989 33% dos cidadãos nessa faixa fumavam, 20 anos depois o percentual caiu para 18%.
Considerando-se os maiores de 15 anos, 17,5% da população do país consome tabaco -o que corresponde hoje a cerca de 25 milhões de pessoas. No México, a proporção de fumantes é de 15,9% e, na China, de 27%.
Na divisão por gênero, 22% dos brasileiros e 13% das brasileiras são tabagistas. De acordo com o levantamento, divulgado nesta semana, as mulheres começam a fumar antes que os homens -e também os antecedem no abandono do vício. A gravidez seria uma das explicações para esse comportamento.
Como previsível, a presença de fumantes é maior na faixa de 45 a 64 anos. São pessoas de um tempo em que o cigarro brilhava em comerciais da TV, podia ser acendido em aviões e era tido por muitos como vício elegante.
As advertências públicas acerca dos males do fumo apareceram na década de 1960. Os britânicos, em 1962, foram os primeiros a exigir que produtos derivados do tabaco estampassem avisos sobre potenciais riscos à saúde.
Na prática, esses alertas pouco significaram. Foi só a partir da década de 1980 que o combate ao cigarro virou política pública. Hoje, o tabaco é considerado o principal fator de mortalidade passível de prevenção. Um verdadeiro cerco a seu uso foi organizado por meio de medidas restritivas.
Um dos principais argumentos esgrimidos pela cruzada antitabagista é o custo que os fumantes representam para a saúde pública. Já há até planos privados que cogitam oferecer descontos caso o conveniado não fume ou abstenha-se de consumir álcool.
Faz sentido que Estado e empresas pautem-se pela eficiência. No entanto, a tentativa de precificar hábitos, vícios e comportamentos requer alguma moderação. Não só pelas incertezas inerentes a esse tipo de cálculo mas pelo risco que pode representar ao livre-arbítrio.

Fonte: Folha de São Paulo, 02/09/2010.

1 de set. de 2010

COGUMELOS E PLANTAS ALUCINÓGENAS

A palavra alucinação significa, em linguagem médica, percepção sem objeto; isto é, a pessoa que está em processo de alucinação percebe coisas sem que elas existam. Assim, quando uma pessoa ouve sons imaginários ou vê objetos que não existem ela está tendo uma alucinação auditiva ou uma alucinação visual.
As alucinações podem aparecer espontaneamente no ser humano em casos de psicoses, sendo que destas a mais comum é a doença mental chamada esquizofrenia. Também podem ocorrer em pessoas normais (que não têm doença mental) que tomam determinadas substâncias ou drogas alucinógenas, isto é, que "geram" alucinações. Estas drogas são também chamadas de psicoticomiméticas por "imitarem"ou "mimetizarem" um dos mais evidentes sintomas das psicoses – as alucinações. Alguns autores também as chamam de psicodélicas. A palavra psicodélica vem do grego (psico = mente e delos = expansão), e é utilizada quando a pessoa apresenta alucinações e delírios em certas doenças mentais ou por ação de drogas. É óbvio que estas alterações não significam expansão da mente.
Isto porque a alucinação e o delírio nada têm de aumento da atividade ou da capacidade mental; ao contrário são aberrações, perturbações do perfeito funcionamento do cérebro, tanto que são característicos das doenças chamadas psicoses.