Drogas é um tema que desperta interesse e preocupação no contexto familiar, podendo gerar várias perguntas, muitas das quais de difícil resposta. Para auxiliar a abordagem do assunto, o CIEE lança um novo folder, com o título Família e drogas: como lidar com a questão, cujas principais orientações estão alinhadas a seguir.
Quais drogas merecem atenção?
Existem diversas drogas psicotrópicas, como bebidas alcoólicas, tabaco, solventes/inalantes (colas, loló e lança-perfume), maconha, cocaína, ecstasy e medicamentos psicotrópicos (tarja preta). Apesar de receberem diferentes posições na sociedade, todas merecem atenção do ponto de vista da saúde. Qualquer droga pode causar prejuízos quando consumida de forma abusiva.
Como conversar sobre o assunto?
Algumas drogas estão presentes no ambiente familiar e, nesse sentido, o interessante é iniciar a conversa sobre as mais próximas. A cerveja, por exemplo, está presente na maioria das casas, ainda que por meio de propagandas de televisão ou revistas. As conversas espontâneas e contextualizadas talvez sejam as que façam mais sentido para crianças e adolescentes. Diálogos claros sobre os riscos associados ao uso de substâncias e a negociação de limites são importantes. Também merecem atenção os exemplos de uso abusivo em família. A ideia do “faça o que eu falo e não o que eu faço” pode não funcionar. Crianças e adolescentes, em geral, reproduzem os comportamentos dos pais, avós ou outras pessoas de referência.
Como saber se uma pessoa precisade ajuda?
Se existe alguma desconfiança sobre o abuso de drogas por parte de alguma pessoa da família, provavelmente essa pessoa começou a apresentar comportamentos diferentes que levantaram dúvidas. Em vez de iniciar movimentos de investigação para constatar o uso abusivo de álcool ou alguma outra droga, o melhor é priorizar os comportamentos tidos como diferentes, oferecer ajuda e buscar criar laços de confiança. A postura de detetive tende a criar um clima de desconfiança que pouco contribui para solucionar a questão.
O que fazer quando um problema surge na família?
Se o uso abusivo passa a ser um problema evidente, a família pode vivenciar sentimentos de insegurança, vergonha, solidão e culpa. Esse contexto tende a piorar a situação e o mais interessante é tentar reverter esse movimento para a busca de soluções. Por exemplo, mais importante do que procurar culpados (onde foi que eu errei?) é descobrir formas de ajudar no caso (o que posso fazer daqui para frente?). Um bom caminho é a procura de ajuda em centros especializados.
Onde e como procurar ajuda?
É muito comum que pessoas dependentes tenham dificuldades para perceber os problemas e, dessa forma, evitem procurar ajuda. Para esses casos existem centros de orientação familiar. Assim como em qualquer área, infelizmente há profissionais pouco experientes ou que se utilizam do sofrimento familiar para tirar proveito financeiro. O recomendável é procurar sempre diferentes opiniões e saber que existem serviços gratuitos tão bons quanto as mais caras opções. Um exemplo é o Vivavoz, um serviço telefônico gratuito 0800 510 0015 que oferece informações e orientações.
* Ana Regina Noto é professora adjunta do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (Cebrid).
* VivaVoz (Serviço Nacional de Orientações e Informações sobre a Prevenção do Uso Indevido de Drogas) - 0800 5100015 - Parceria entre a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad).
Fonte: Revista Agitação nº 98, Março e Abril de 2011.
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