22 de out. de 2010

PURA VIAGEM

Chegam aos sites brasileiros as chamadas 'doses' _arquivos sonoros que teriam o poder de simular efeitos de drogas como LSD, ecstasy ou maconha. Um download é traficado por quase R$ 30; especialistas dizem que apenas o fator placebo e a persuasão do marketing podem explicar os sintomas muito loucos descritos por alguns usuários desse modismo


Folha de São Paulo - GUILHERME GENESTRETI - DE SÃO PAULO

Elas têm nomes como cocaína, orgasmo e absinto, e podem ser encontradas facilmente na internet. No YouTube, não faltam vídeos mostrando internautas em estado de êxtase ao ouvir faixas batizadas de "Hand of God" (mão de Deus) e "Gates of Hades" (portões do inferno) com seus fones de ouvido.
As e-drugs são arquivos de áudio que, quando baixados e escutados por um período de 15 a 30 minutos, prometem induzir seus ouvintes a estados de euforia, sedação ou alucinação, dependendo da dose experimentada.
A alteração da mente seria provocada por ondas binaurais: cada um dos ouvidos recebe o som dos ruídos em uma frequência diferente, simulando no cérebro o efeito de uma droga de verdade
É o que propaga o site da I-Doser Experience, principal marca que disponibiliza esse tipo de arquivo na rede.
O site oferece dez pacotes diferentes cujo download custa US$ 16,95 (cerca de R$ 29). Alguns incluem as chamadas "simulações recreativas" de maconha, cocaína, ópio e peiote. Outros prometem prazer sexual, em faixas batizadas de "First Love" (primeiro amor) e "Orgasm".
O mesmo site mantém um fórum com mais de mil comentários de usuários, que descrevem suas experiências com as drogas digitais.
Um internauta relata que viu um fantasma depois de ter experimentado a dose "LSD". Outro que se diz portador de transtorno de deficit de atenção afirma ter ficado mais concentrado depois de ouvir a faixa "Ritalina" (nome da droga usada para tratar esse distúrbio).
No Brasil, a moda está ganhando adeptos. No mês passado, entrou no ar um blog que revende as doses por preço abaixo do praticado no site oficial.
Mas entre os internautas brasileiros ouvidos pela Folha que disseram ter provado as doses, poucos descreveram efeitos como aqueles vistos nos vídeos ou detalhados no fórum.


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